sexta-feira, 9 de julho de 2010

AO ENTARDECER


Mais tarde, servo que descansas,
Quando a sombra, envolver-te os olhos fatigados,
A noção do tempo crescerá em tua alma
E o senhor da vinha
Dir-te-á do monte da consciência:

- Que fizeste da tua luz?
Onde guardaste os raios do Sol,
As gotas do orvalho,
As sementes divinas,
O arado amigo e realizador?
Que fizeste do meio-dia rutilante
Onde deixaste
Os rebentos novos,
As febres opulentas,
Os frutos generosos
A dádiva do suor?
Contemplarás as mãos vazias,
Suportarás o coração tocado de remorso
E dirás, em obediência
Ao antigo hábito de enganar a ti mesmo:

- O Sol causticante crestou a terra do meu campo,
Chuvas copiosas trouxeram imensas inundações...
Vermes invasores destruíram a erva tenra,
Serpentes venenosas atacavam-me os pés.
Aos espinheiros que se erguiam acima do solo
Respondiam pedras em baixo,
Anulando-me a tarefa...
Se surgiam alguns brotos na encosta,
A Lama descia célere...
Se rebentos humildes vinham à planície,
Os detritos da serra
Formavam pântanos implacáveis
Aniquilando-me a sementeira.
Que poderia fazer, então,
Se todas os perigos da Natureza congregavam-se contra mim?

O Senhor da Vinha, porém,
Ouvirá complacente
E, antes de tornar
Ao seu próprio trabalho,
No campo universal e infinito dos séculos,
Responderá:
- Não te queixes.

O Sol causticante,
A chuva torrencial
os vermes e as serpentes,
OS espinhos e as pedras,
A Lama e o pântano,
Eram as ferramentas que te dei...
Mas... espera! Outro dia virá!...

Tentarás justificar-te, inda uma vez;
Todavia,
O último raio de Sol desperdir-se-á do céu
E o rosto do Senhor
Desaparecerá no grande silêncio.
E então errarás de vale em vale, de montanha em montanha,
Sangrando o coração sob ríspido açoite,
Angustiado e sozinho,
Porque no teu caminho
Reinará, longo tempo, enorme e espessa noite!...



pelo Espírito Alma Eros - Do livro: Correio Fraterno, Médium: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos.
 
 

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